No ano passado, o Google registrou um aumento de 350% nas buscas pelos termos “Doença do Silicone” e “Explante”, que é o procedimento de retirada das próteses de silicone.
A “Doença do Silicone” é um termo atribuído pelas próprias pacientes, principalmente nas redes sociais, para descrever um conjunto de sintomas pouco comuns que elas relacionam ao uso do implante, como dor, fadiga, mal-estar geral, pressão no peito, depressão, dores articulares, entre outros.
Importante salientar que essa patologia não é descrita pela literatura médica, nem por órgãos reconhecidos como as Sociedades Brasileira e Americana de Cirurgia Plástica. Portanto, não possui critérios diagnósticos e nem exames alterados que possam comprovar sua existência. Mas isso não significa que devemos menosprezar essas queixas e sintomas. O cirurgião plástico deve receber as pacientes e examinar respeitosamente quem sofre com esses problemas a fim de ajudá-las.
É importante que as pacientes compreendam que o planejamento da cirurgia de implante de silicone deve ser realizado individualmente, respeitando os limites e dimensões de cada corpo. Próteses implantadas com volumes exagerados, desproporcionais ao tamanho do tórax causam sintomas e incômodos. Além disso, próteses mais antigas podem desencadear anormalidades no decorrer do tempo que necessitam ser reavaliadas com alguma periodicidade, mas não são por definição uma doença.
Em tempos de redes sociais, o poder de influenciadores leigos, que emitem uma opinião errada sobre o assunto cria inúmeras fake news que influenciam milhões de seguidores. Isso tem alarmado e gerado uma excessiva ansiedade nas pessoas, que buscam por procedimentos de remoção de implantes de modo preventivo, baseado em fatos sem comprovação científica.
Existe uma doença que se chama Síndrome ASIA que pode ter o silicone como estímulo causador e é frequentemente confundida com o que as pessoas chamam de “Doença do Silicone”.
A síndrome ASIA (síndrome autoimune induzida por adjuvantes) consiste no desenvolvimento de doenças autoimunes em indivíduos geneticamente predispostos ou na piora delas devido à exposição a determinadas substâncias como hormônios, vacinas, próteses ortopédicas, marca-passo e, inclusive, o silicone. Resulta em piora de processo inflamatório no organismo, causando sintomas vagos como fadiga, dor muscular e articular, distúrbios do sono, boca seca, entre outros.
Doenças autoimunes são raras na população em geral, e a síndrome ASIA mais rara ainda. Para prevenir, evita-se o implante de silicone em pacientes com histórico pessoal ou familiar de doenças autoimunes (artrite reumatóide, lúpus, etc.), apesar de que a maioria dos pacientes com essas doenças reumatológicas e portadores de implantes não desenvolvem a Síndrome ASIA.
Yehuda Schoenfeld é um dos maiores especialistas nesta doença e relata ter identificado cerca de 300 casos em todo o mundo. Para fins de compreendemos o quanto raro é essa condição, no Brasil são realizadas cerca de 250 mil cirurgias de mamoplastia de aumento anualmente e estima-se uma população de 5 milhões de pessoas com próteses mamárias no mundo todo.
Quando diagnosticado essa rara síndrome, tendo o silicone como agente causador, a remoção das próteses de silicone tende a melhorar os sintomas.
Não é atoa que essa cirurgia é tão popular. Apesar dessa síndrome raríssima e de outras complicações, a cirurgia é considerada extremamente segura. É uma das cirurgias mais realizadas pelos cirurgiões plásticos e, por isso, os implantes de silicone são amplamente estudados há mais de 40 anos. Ao longo desse tempo eles foram se modernizando, obtendo menor risco de ruptura ou de desencadear reações no corpo humano. Podemos dizer que estamos na sexta geração de implantes mamários considerando as grandes mudanças que aperfeiçoaram esse material.
Mesmo após tantas modernizações, não podemos dizer que uma prótese implantada será vitalícia. Antigamente costumava-se trocar a cada 10 anos, pois as próteses rompiam com frequência. Hoje essa situação é cada vez mais rara e, quando isso acontece com as próteses modernas, o silicone é mais coeso e não espalha.
A complicação mais comum que necessita a troca de uma prótese é a contratura capsular, que é uma reação do corpo de encapsulamento e contração em torno da prótese, gerando dor e endurecimento das mamas. Isso acontece em uma taxa de 5% das pacientes até os 10 anos de implante. Quanto maior o tempo, maior a ocorrência de contratura capsular.
Portanto, não podemos dizer que os implantes serão para sempre. É bem provável que eles necessitarão ser trocados ou removidos em alguma fase da vida, principalmente quanto mais jovem a paciente é. Mas não tem uma data exata para isso. O importante é acompanhar com o cirurgião plástico periodicamente.
A paciente pode remover definitivamente os implantes caso tenha tido complicações e não queira mais colocar novas próteses ou, mesmo na ausência de complicações, caso tenha uma mudança no seu estilo de vida e ela não se identifique mais com a vontade de ter esse material no seu corpo.
Ao remover os implantes as mamas ficarão flácidas e perderão volume. Para possibilitar que as mamas fiquem mais bonitas, é possível realizar lipoenxertia de gordura nas mamas para repor parte do volume e, em alguns casos, pode ser necessário a mastopexia que é o procedimento para levantar e remover o excedente de pele, deixando a mama final mais firme.
Se você tem próteses de silicone e não está sentindo nada, provavelmente está tudo bem, saiba que dificilmente os problemas são “silenciosos”, mas não deixe de procurar seu cirurgião plástico eventualmente para reavaliá-la.
Se você tem interesse em realizar a cirurgia de mamoplastia de aumento, saiba que é uma cirurgia muito tranquila, segura e que proporciona uma grande melhoria de autoestima na vida das mulheres!